*O que realmente significa velhice?*

 

Tenho me feito essa pergunta muitas vezes: "O que realmente significa velhice?" É determinada pela aparência, pelo funcionamento do corpo ou pela saúde do cérebro? Talvez a velhice esteja ligada à maneira como lembramos das coisas ou como planejamos nossas atividades diárias. Apesar das minhas buscas, ainda não encontrei um artigo que explique de forma satisfatória o que realmente significa envelhecer. Eviste alguma regra para definir o envelhecimento? Nos Estados Unidos, uma pessoa é muitas vezes considerada “velha” aos 60 anos. Mas como foi determinado que 60 anos é o marco da velhice?

É difícil definir o envelhecimento porque muitos fatores contribuem  como envelhecemos e como nos sentimos a respeito disso. Nossa aparência física, a qualidade de vida que experimentamos, nossas faculdades mentais e até mesmo nossos genes desempenham um papel importante. Definir a velhice com números é uma simplificação excessiva de um processo complexo. Por exemplo, enquanto a meia-idade é geralmente considerada entre os 40 e 60 anos, o envelhecimento é muito mais sutil do que simplesmente alcançar um marco de idade específico. Por quê? Porque muitos de nós conseguimos manter nossa mobilidade, independência e felicidade bem depois dos anos considerados como "velhice".  Quase todos nós conhecemos a Sophia Loren (90), Yoko Ono (91) e Fernanda Montenegro (94).  Elas ainda estão trabalhando de alguma forma.

Se alguém ainda é fisicamente ativo, cognitivamente lúcido e está vivendo uma vida satisfatória, faz sentido considerar esta pessoa como "velho" apenas porque alcançou uma certa idade? Eu diria que não. A ideia de considerar alguém como "velho" simplismente baseado em uma idade específica não leva em conta a diversidade de experiências que as pessoas têm ao envelhecer. Para muitos, a idade não reflete um declínio físico ou mental. Em vez disso, a melhor maneira de definir a idade, no meu ponto de vista, é enfocando na felicidade e na satisfação com a vida.

Felicidade como Indicador de Envelhecimento

A felicidade e a satisfação desempenham um papel fundamental na forma como vivenciamos o envelhecimento. À medida que continuo refletindo sobre meu próprio processo de envelhecimento, torna-se mais claro que sentir-se feliz e contente com a vida faz toda a diferença. Quando focamos em nossa felicidade, isso muda a narrativa do envelhecimento de um declínio cognitivo para uma de crescimento e realização pessoal. Podemos manter um senso de alegria e propósito em nossas vidas, e é isso que realmente define como nos sentimos à medida que envelhecemos.

Ser feliz também contribui para a longevidade. Pessoas que relatam altos níveis de satisfação com a vida tendem a viver mais e com mais saúde. Essa conexão entre felicidade e longevidade é apoiada por inúmeros estudos, que mostram que pessoas que permanecem socialmente conectadas, buscam hobbies e mantêm uma visão positiva tendem a envelhecer de uma forma mais saudável. A qualidade de vida delas é enriquecida, e sua “velhice” é preenchida de alegria e propósito, em vez de limitações.

Mobilidade, Independência e Idade

Outro fator-chave que influencia nossa percepção do envelhecimento é a mobilidade e a independência. Se alguém consegue permanecer ativo, engajar-se em atividades físicas e viver de forma independente, geralmente se sente mais jovem do que a sua idade sugere. A atividade física, mesmo na velhice, mantém o corpo forte e resiliente. Também ajuda a manter a mente alerta, já que o movimento fisico promove uma melhor saúde do cérebro.

A independência também é crucial para manter uma sensação de juventude. As pessoas que podem cuidar de si mesmas, tomar decisões sobre suas próprias vidas e continuar participando das atividades que gostam, são frequentemente vistas como “jovens de espírito”, independentemente da idade cronológica.

Por outro lado, perder a independência, seja por doença ou incapacidade, pode fazer uma pessoa se sentir mais velha. Não é o número de anos vividos que define sua idade, mas a perda de autonomia e controle sobre suas vidas. É por isso que focar em manter a independência, tanto física quanto mental, é tão importante à medida que envelhecemos.

O Papel da Genética no Envelhecimento

A genética também desempenha um papel significativo em como envelhecemos. Algumas pessoas têm uma predisposição natural para envelhecer mais lentamente do que outras. Essas pessoas podem ter menos problemas de saúde, manter suas faculdades físicas e mentais por mais tempo e até parecerem mais jovens do que os outros da mesma idade.

No entanto, embora a genética seja um fator, ela não é o único determinante de como envelhecemos. Escolhas de estilo de vida, como dieta, exercício e estímulo mental, podem influenciar a expressão dos nossos genes. Pessoas que levam uma vida saudável e ativa muitas vezes conseguem compensar alguns dos fatores genéticos que, de outra forma, contribuiriam para o envelhecimento. É por isso que é tão importante cuidar tanto da nossa saúde física quanto mental à medida que envelhecemos.

Desafiando Estereótipo 

Existem muitos rótulos usados de uma forma preconceituosa para descrever as pessoas à medida que envelhecem: "idoso", "terceira idade", "coroa", e assim por diante. Mas esses rótulos capturam realmente a essência do que significa envelhecer? Eu acho que não. Esses termos muitas vezes carregam conotações negativas, sugerindo declínio ou irrelevância. No entanto, muitos idosos desafiam esses estereótipos. Eles são ativos, vibrantes e continuam a contribuir para suas famílias, comunidades e para a sociedade como um todo.

Considerar alguém como “idoso” apenas porque alcançou uma certa idade desconsidera o fato de que as pessoas envelhecem em ritmos diferentes e de maneiras distintas. Algumas podem estar fisicamente em forma e mentalmente alertas até os 80 ou 90 anos, ja mencionamos algumas dessas pessoas, Enquanto outras podem enfrentar desafios de saúde mais cedo na vida. A idade não é apenas um número; é uma reflexão de como vivemos, como nos sentimos e como nos engajamos com o mundo ao nosso redor.

Uma Nova Definição de Envelhecimento

Em conclusão, o envelhecimento é uma experiência profundamente pessoal que não pode ser reduzida a um número ou a um rótulo. Ele abrange o bem-estar físico, mental e emocional, e é moldado por fatores como felicidade, satisfação com a vida, mobilidade, independência e genética. A maneira como percebemos a velhice deve ser baseada não em marcos de idade arbitrários, mas em como nos sentimos em relação a nós mesmos e na qualidade de vida que experimentamos.

Em última análise, a melhor maneira de definir a velhice é através da felicidade e da satisfação com a vida. Esses são os verdadeiros indicadores de como envelhecemos. Quando estamos contentes com nossas vidas, mantemos nossa independência e continuamos a encontrar alegria e propósito, desafiamos as definições convencionais de velhice. Não é o número de anos que vivemos que nos define, mas como escolhemos vivê-los. O envelhecimento, portanto, deve ser visto como uma celebração da riqueza da vida e uma oportunidade para continuar crescendo, aprendendo e prosperando em qualquer fase da vida.